Introdução:A fibrilação atrial (FA) é a arritmia cardíaca sustentada mais comum, acometendo cerca de 2 a 4% da população mundial1, e nos pacientes internados em Unidades de terapia intensiva, esta incidência pode chegar em até 23%3. A idade avançada é um fator de risco para o desenvolvimento de FA, e, aqueles acima de 80 anos tornam-se mais suscetíveis aos seus efeitos deletérios. O impacto da FA nos pacientes sépticos se reflete em piores desfechos clínicos e a identificação dos fatores desencadeantes pode ser alvo de futuras estratégias de prevenção e tratamento.
Objetivos: Verificar a relação entre desenvolvimento de FA e mortalidade nos pacientes acima de 80 anos incluídos no protocolo sepse e identificar fatores de risco que contribuam para o desenvolvimento de FA nesta população.
Métodos: Estudo observacional retrospectivo, com revisão de prontuários e inclusão de 895 pacientes com 80 anos ou mais, incluídos no protocolo sepse de um hospital de alta complexidade em São Paulo/SP, no período de janeiro de 2018 a dezembro de 2020.
Resultados: A incidência de FA na amostra foi de 13%. Após análise multivariada, por regressão logística múltipla, foi possível demonstrar associação de mortalidade, na população estudada, com o escore SOFA - OR 1,21(1,09 - 1,35), valores mais altos de PCR - OR 1,04 (1,01 - 1,06), necessidade de DVA - OR 2,4 (1,38 - 4,18), uso de VM - OR 3,49 (1,82 - 6,71) e principalmente FA - OR 3,7 (2,16 - 6,31)
Conclusões: No paciente grande idoso (80 anos ou mais), séptico, o desenvolvimento de FA se mostrou como fator de risco independente para mortalidade intra-hospitalar.
Tabela 1. Descrição das características avaliadas segundo desenvolvimento de FA e resultado dos testes estatísticos.
Tabela 2. Descrição dos desfechos dos pacientes segundo as características avaliadas e resultado das análises não ajustadas.
Tabela 3. Resultado do modelo ajustado para explicar o óbito nos pacientes do protocolo sepse com 80 anos ou mais.