Introdução: Diversos conflitos emocionais permeiam pacientes e familiares ao longo do processo de cuidados paliativos (CP) exclusivos ou proporcionais. Portanto, justifica-se a abordagem psicológica, uma vez que urgências emocionais são esperadas diante desse contexto.
Método e casuística: Relato de caso desenvolvido a partir da avaliação e acompanhamento psicológico de um paciente cardiopata grave em hospitalização prolongada que após inserido em CP proporcionais respondeu ao tratamento curativo em um hospital privado.
Paciente sexo masculino, 66 anos, casado, 1 filha, médico, internou por quadro de infarto agudo do miocárdio que evoluiu com acidente vascular encefálico isquêmico e choque misto que ocasionou delirium, Insuficiência cardíaca e Renal. Pouco responsivo ao manejo clínico intensivo. Apresentava autocuidado prejudicado, síndrome metabólica, doença arterial coronariana com cirurgia cardíaca prévia, tabagismo e depressão.
Resultados: Após avaliação psicológica em unidade coronariana foi acompanhado ao longo dos 86 dias hospitalizado. Diante da piora clínica e emocional progressivas, manifestou no atendimento psicológico o desejo de receber CP e reavaliar o nível de investimento terapêutico. Foram associados cuidados paliativos proporcionais ao plano terapêutico curativo após discussão entre as equipes paliativista, intensivista e assistente, validando os desejos e acolhendo as angústias dos familiares frente ao prognóstico reservado. Inicialmente as intervenções buscaram fortalecer os poucos recursos de enfrentamento adaptativos do paciente e estimulação cognitiva. Realizar psicoeducação e mediação da comunicação na tríade paciente-família-equipes, manejo do humor e ataques de pânico, além de reduzir esquivas emocionais sobre o deixar de cuidar e ser cuidado, com base no reforçamento diferencial de respostas alternativas.
A articulação das equipes permitiu otimizar o tratamento, estimular reservas biológicas pela transdisciplinaridade, promovendo resposta gradual do paciente ao tratamento curativo, acarretando ameaças ao processo saudável de luto antecipatório iniciado, o que foi essencial no processo terapêutico para emergir novos sentidos e projetos de vida, pouco explorados pelo paciente e familiares, trabalhar inseguranças esperadas, mesmo diante da percepção de melhora clínica, maior independência e capacidade funcional.
Conclusão: O acompanhamento psicológico foi essencial para o acolhimento do sofrimento emocional e estabelecimento do cuidado centrado no paciente, ressignificando autorregras que prejudicavam sua qualidade de vida.
