INTRODUÇÃO: A doença cardiovascular (DCV) tem sido associada a um risco aumentado de fragilidade, mas a direção da associação permanece incerta. A identificação da fragilidade em pacientes com DCV deve ser considerada relevante para fornecer estratégias individualizadas de prevenção e cuidado cardiovascular. Ensaios clínicos randomizados demonstraram o impacto da cirurgia cardíaca nas populações de baixo, médio e alto risco cirúrgico, porém não se sabe o impacto deste procedimento em pacientes frágeis.
OBJETIVO: Avaliar o impacto da cirurgia de revascularização do miocárdio na fragilidade dos pacientes.
MÉTODO: Esta é uma subanálise do projetoFRAGILE, estudo nacional, multicêntrico, randomizado e controlado. Foram analisados 62 pacientes com idade ≥ 60 anos. Os pacientes foram divididos em dois grupos; sendo que 30 pacientes foram alocados no grupo CRM sem CEC (circulação extracorpórea) e 32 no grupo CRM com CEC. Usamos os Critérios de Fragilidade de Fried para classificar os pacientes em não frágil, pré-frágil e frágil. Os parâmetros avaliados foram perda de peso não intencional, fadiga autorreferida, nível de atividade física, força de preensão palmar e velocidade de marcha. Realizamos os escores de fragilidade antes e seis meses após a cirurgia. Todas as análises estatísticas foram realizadas no software R.
RESULTADOS: Observamos melhora na fragilidade dos pacientes submetidos a CRM tanto no grupo com CEC quanto no grupo sem CEC, sem diferença entre os grupos (Figura 1A). No geral, o número de pacientes pré-frágeis dobrou 6 meses após a cirurgia (de 11 para 22 pacientes) e, o de pacientes frágeis diminuiu de 19 para 1 paciente (Figura 1B). Nove pacientes incluídos no estudo não apresentaram mais nenhum grau de fragilidade após 6 meses da cirurgia. Quanto aos critérios de fragilidade, com exceção da variável de Perda de peso não intencional, todos os testes apresentaram diferença na comparação pré e pós cirúrgica.
CONCLUSÃO: A CRM se mostrou eficaz em reduzir a fragilidade dos pacientes, sugerindo que a doença arterial coronariana precedeu à síndrome de fragilidade.