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Características clínicas e desfechos cirúrgios de pacientes com tumores cardíacos valvares e não valvares submetidos à cirurgia

Fernanda C. Tessari, Vitor Emer Egypto Rosa, Rener R. S. Lopes, Frederico J. M. M. Soares, Daniella C. Nazzetta, Layara F. V. P. Lipari, Ranna S. Pessoa, Fabio Fernandes, Roney O. Sampaio, Flávio Tarasoutchi
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Introdução: Tumores cardíacos primários são raros, cerca de 80% são benignos e mixoma é o mais comum em adultos. Quanto a tumores valvares, fibroelastoma papilífero é o mais prevalente, e faltam dados clínicos e prognósticos. Objetivo: Avaliar prevalência, características clínicas e prognósticas de tumores valvares em pacientes com tumor cardíaco submetidos à cirurgia. Métodos: Estudo unicêntrico, retrospectivo, incluindo pacientes com tumor cardíaco submetidos à cirurgia de 2013 a 2020. Realizada avaliação clínica, laboratorial, ecocardiográfica e anatomopatológica. Tumor valvar foi definido pelos achados cirúrgicos/histológicos. Eventos adversos pós-cirurgia, mortalidade em 30 dias e 1 ano foram avaliados. Os pacientes foram divididos em 2 grupos, com e sem tumor valvar, para comparação de características clínicas e desfechos. Resultados: incluídos 69 pacientes com mediana de idade de 56 [44-64] anos, 78,3% do sexo feminino. A manifestação clínica mais comum foi insuficiência cardíaca (54,5%), sem diferença entre grupos. Não houve diferença quanto às comorbidades, exceto fibrilação atrial (FA), mais prevalente no grupo valvar (22,2% vs 0%, p=0,016). O risco cirúrgico avaliado pelo EuroSCORE II foi 0,94 (0,75-1,47)% no grupo não valvar e 1,64 (0,66-2,225)% no valvar (p=0,302). Ao ecocardiograma, 23 (37,1%) pacientes apresentavam tumor com acometimento valvar, sendo a valva mitral a mais acometida (72,7%), a maioria era pedunculada (57,1%) e a principal câmara acometida foi átrio esquerdo (79,7%). Na análise histológica, o tumor não valvar mais prevalente foi mixoma (91,7%) e o valvar, fibroelastoma papilífero (66,7%). Tumores valvares eram menores (10 [6,25-42,5] vs 42 [28-60] mm; p=0,005. Cinco (7,2%) pacientes realizaram troca valvar (3 mitrais) e 10 (14,7%), plástica (9 mitrais). Tempos de circulação extracorpórea e anóxia foram maiores no grupo valvar (99 [71-131] vs 57 [48-79] min; p=0,005 e 77 [43-97] vs 35 [30-48 ]min; p=0,003, respectivamente]. FA foi o único desfecho adverso pós-cirurgia com diferença entre grupos, mais prevalente no valvar (33,3% vs 6,7%; p=0,042). Mortalidade em 30 dias foi 4,3%, sem eventos a longo prazo (fig. 1). A mediana de seguimento foi 32 [20-43] meses. Conclusão: Tumores valvares são raros em pacientes com tumor cardíaco submetidos à cirurgia. O perfil clínico e prognóstico são semelhantes aos do não valvar, exceto pela histologia, predominando o fibroelastoma papilífero. A mortalidade foi superior à estimada pelo EuroSCORE II na população geral, ocorrendo precocemente após cirurgia, com bom prognóstico a longo prazo.

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16 à 18 de junho de 2022