Fundamento: O programa de reabilitação cardiovascular (PRCV) é uma importante ferramenta na prevenção de eventos cardiovasculares com benefícios já bem estabelecidos na literatura. Todavia, a taxa de abandono e não aderência são preocupantes e os motivos pouco conhecidos e descritos na literatura. Objetivo: Analisar o perfil dos pacientes que abandonam o PRCV e identificar as causas para as faltas no programa. Como objetivo secundário, serão propostas estratégias para corrigir o motivo de desistências evitáveis. Métodos: Estudo de coorte com 134 pacientes - aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa e com preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - ocorrido entre o período de janeiro de 2017 a julho de 2019. Foram identificados o perfil socioeconômico, escolar, físico, patológico, antropométrico e ergoespirométrico de pacientes que iniciaram o PRCV, sendo acompanhados durante os primeiros 36 treinos com o objetivo de avaliar os motivos das faltas ou abandono do programa. Foi considerado como abandono o paciente que se ausentou em mais de 50% dos treinos. Os pacientes faltantes nos dias previstos de treino receberam uma ligação em até dois dias úteis de um membro colaborador da pesquisa, o qual perguntou o motivo da ausência - foram realizadas até 3 tentativas de contato. Resultados: Cerca de 20% dos pacientes abandonaram o programa, sendo a média de idade de 64 anos, o IMC médio 27 e 57, 14% serem do sexo feminino. Neste grupo, a maioria pertencia à classe C de nível socioeconômico, já apresentavam baixo nível de atividade física antes do início do programa e possuíam outras comorbidades como dislipidemia (78%), hipertensão arterial sistêmica (78%), diabetes (32%), doença arterial coronariana (71%). Foram contabilizadas 643 faltas, com o principal motivo sendo a ocorrência de novos problemas de saúde (46%). Conclusões: Uma parcela importante dos pacientes abandonou o programa antes do período estabelecido, sendo esses pacientes já com comorbidades importantes. Além disso, o principal motivo de faltas foi a ocorrência de agravos de saúde, sem nenhuma doença se sobressair às outras - reforçando a complexidade dos pacientes que frequentam o serviço. Dessa forma é de suma importância reforçar o vínculo dos pacientes aos programas de reabilitação e disponibilizar suporte multidisciplinar para eventuais agravos de saúde relacionados direta ou indiretamente com as patologias que levaram o paciente a entrar no programa.