Fundamento: Os portadores de insuficiência cardíaca (IC) evoluem com elevada morbi/mortalidade. A fração de ejeção (FE) é um importante determinante prognóstico, mas crescem os estudos que indicam que pacientes com IC e fração de ejeção preservada (ICFEp) são tão frequentes quanto os com a FE reduzida (ICFEr) e que o prognóstico seria semelhante.
Objetivos: Verificar a incidência dos diferentes tipos de IC num grande hospital de São Paulo e sua implicação no prognóstico
Métodos: Através de análise do registro dos pacientes atendidos num Hospital terciário de São Paulo, verificamos os casos registrados com código I50 no ano de 2017 e os seguimos até os dias de hoje. Avaliamos os dados demográficos e a mortalidade.
Resultados: Em 2017 passaram pelo Hospital 13121 pacientes com IC (CID: I50). Destes, foram excluídos 533 pacientes (idade ≤18 anos, sem ecocardiograma). Considerando a FE, os paciente foram classificados em ICFEp (FE>50%, n=5793), ICFElr (IC com FE levemente reduzida, FE 40-49%, n=2027) e ICFEr (FE<40%, n=4768). Os pacientes com ICFEp eram mais velhos, predominavam as mulheres entre eles. Valvopatias e fibrilação atrial foram mais frequentes entre os com ICFEp e disfunção renal entre os com ICFEr. No seguimento 2737 (21,7%) morreram. A mortalidade foi respectivamente de 18,4%, 20,1% e 26,5%conforme a FE acima descrita. Os pacientes que tiveram dispensação de carvedilol 25 mg tiveram menos mortalidade dos que receberam 6,25 mg. Pela análise de regressão multivariada pelos riscos proporcionais de Cox, foram preditores de pior prognóstico a idade >60 anos, etiologias valvar e chagásica, a presença de comorbidades.
Conclusão: A IC continua sendo doença com elevada mortalidade, 20% dos pacientes morreram em dois anos. Num Hospital terciário a ICFEp foi mais prevalente que a ICFEr e teve melhor prognóstico. A dose de carvedilol teve impacto no prognóstico.