Introdução: Acometimento miopericárdico pelo SARS-CoV-2 pode ser devido a resposta direta de autoimunidade, inflamação ou ambos. A miopericardite é um desafio diagnóstico no contexto de pandemia pela dificuldade de correlação com a infecção inicial por covid e pela necessidade de exames de alta complexidade, como a ressonância magnética cardíaca (RNMC). Descrevemos a evolução clínica de uma paciente (p) com miopericardite pós COVID que após 2 doses da vacina se reinfectou. Relato de caso: p feminina, 48 anos, previamente hígida, em maio de 2020 iniciou quadro de dispneia progressiva e limitante, dor precordial ventilatório dependente e tosse seca. Realizou exame para COVID negativo (SIC) e ecocardiograma transtorácico (ECOTT) com disfunção sistólica importante, FEVE 28%. Ao exame físico, apresentava hepatomegalia dolorosa. Após 2 meses, apresentou piora dos sintomas e novos exames demonstraram: PCR 3,7, troponina negativa e RT PCR COVID positivo, RX de tórax com cardiomegalia e sinais de congestão pulmonar e ECG com BRE e EV. Novo ECOTT (06/06/2020) aumento de cavidades, função ventricular reduzida as custas de hipocinesia difusa e derrame pericárdico 12mm. RNMC 23/06/2020: Disfunção sistólica biventricular importante (FEVE 14%), realce tardio de padrão mesoepicárdico associado a edema em segmentar inferior e inferolateral médio e basal, realce tardio e edema pericárdico adjacente às áreas descritas acima. Derrame pericárdico circunferencial. P evoluiu com melhora clínica e ecocardiográfica recebendo alta em 04/07/2020. Em 12/2021, referia boa evolução clínica e ter tomado vacinas contra covid AstraZeneca em 24/05/21 e 16/08/21. Fez ECOTT que demonstrou melhora significativa da função ventricular (FEVE 46%) e discreto derrame pericárdico (5mm). Em janeiro de 2022, teve reinfecção por COVID19 evoluindo com piora clínica associada a intensa dor torácica. Novo ECOTT mostrou piora da função ventricular, FEVE 36%, e do derrame pericárdico (8mm). A RNMC evidenciou derrame e realce tardio em pericárdico, sem sinais claros de acometimento miocárdico. A paciente tomou a 3a dose de vacina contra covid-19, Pfizer em 04/02/21. Conclusão: A evolução das complicações da infecção pelo SARS COV2 ainda não é totalmente conhecida. Este caso mostra a recorrência de acometimento miocárdico e pericárdico no contexto de reinfecção pelo SARS-CoV-2. O uso de duas doses de vacina da AstraZeneca e uma da Pfizer não pareceu ter contribuído para esta evolução.