Introdução: Delirium é uma alteração aguda do estado mental, de curso flutuante e que possui alta incidência no pós-operatório (PO) de cirurgia cardíaca. O delirium pode levar a consequências tanto a curto quanto a longo prazo. O presente estudo objetiva descrever a prevalência de delirium em pacientes submetidos à cirurgia cardiovascular. Métodos: Estudo transversal descritivo com pacientes submetidos à cirurgia cardíaca entre janeiro de 2020 a fevereiro de 2022. A avaliação da presença de delirium foi realizada no 1ºPO em Unidade de Terapia Intensiva com a utilização das escalas CAM-ICU e RASS. A avaliação dos dados epidemiológicos, comorbidades prévias, uso de medicações pré e pós-operatórias, medidas antropométricas e informações relacionadas à cirurgia foram coletados do prontuário eletrônico TASY®. Os dados coletados e tabulados usando planilhas específicas no software Excel 2010®. Resultados: No período, foram incluídos 74 pacientes (39 homens). A incidência de delirium foi de 16,2 %. Dos pacientes com delirium, 50% eram do sexo masculino, nos sem delirium 53,3% eram do sexo masculino. A média de idade nos com delirium foi de 72(±7,9) anos e a de IMC 25,6(±2,89), enquanto a idade média nos sem delirium foi de 57,2(±12,9) e IMC 27,8(±4,1). Em 58,3% dos pacientes com delirium foi utilizada anestesia geral associada a raquianestesia e em 41,6% foi utilizada apenas a anestesia geral. Já nos pacientes sem delirium, 61,29% realizaram raquianestesia mais anestesia geral e 38,70% apenas a anestesia geral. Nos pacientes com delirium, o tempo médio de circulação extracorpórea (CEC) foi de 100,7(±31,34) minutos e o tempo médio de clampeamento aórtico foi de 70(±27,3) minutos. Por outro lado, o tempo de médio de CEC foi de 97,5(±26,6) minutos e o de clampeamento aórtico de 69,4(±22,6) minutos nos pacientes sem delirium. Quanto ao número de comorbidades, a média foi de 5,08(±2,27) nos pacientes com delirium e 3,2(±2,2) nos sem delirium. Com relação às medicações, a média em uso domiciliar e em uso pós-operatório foram de 5(±2,1) e 7,8(± 1,9), respectivamente, nos pacientes com delirium e o número médio de medicações em uso domiciliar foi de 4,1(±2,1) e em uso pós-operatório foi 7,5(±1,9) nos sem delirium. Conclusão: A prevalência de delirium encontrada na amostra foi compatível com os atuais dados da literatura. Considerando os pacientes com delirium, observou-se múltiplos fatores predisponentes e precipitantes, como idade avançada, maior número de comorbidades e polifarmácia pré e pós-operatória.