Introdução: Pacientes (pts) com circulação pulmonar canal arterial (CA) dependente ainda são um desafio, particularmente, neonatos que são inelegíveis para reparos primários. Esses pts requerem procedimento paliativo, seja cirurgicamente por construção de shunt Blalock-Taussig modificado (BTM) ou percutaneamente por cateterismo com implante de stent em CA.
Objetivo: Avaliar a eficácia do implante de stent no CA em comparação com a cirurgia BTM em pts com circulação pulmonar CA dependente.
Método: Estudo retrospectivo, longitudinal e unicêntrico. Incluídos 44 neonatos e lactentes com cardiopatia congênita dependente CA durante novembro/2016 a setembro/2021. 14 pts (31,8%) foram submetidos à cirurgia de BTM (grupo 1 –G1) e 30 (68,2%) submetidos a cateterismo para implante de stent no CA (grupo 2-G2). Avaliados sexo, idade, tempo médio de intubação endotraqueal e de internação, complicações e óbitos.
Resultados: No G1, a idade média foi 38 dias e 14,5 dias no G2. Predominância masculina em ambos grupos, sendo G1 com 10 (71,5%) vs feminino 4 (28,5%) e no G2 masculino 16 ( 53,3%) e feminino 14 (46,7%). No G1, diagnóstico mais comum foi atresia tricúspide com 5 (35,7%), Tetralogia de Fallot (T4F) 4 (28,5%), atresia pulmonar com comunicação interventricular (AP/CIV) 3 (21,4%) e atresia pulmonar com septo íntegro (AP/SI) com 2 pts (14,3%). No G2, diagnóstico mais comum foi AP/SI 8 pts (26,6%), seguido de T4F 6 (20%), AP/CIV e estenose valvar pulmonar crítica 4 (13,3%). O tempo médio de ventilação foi de 5 vs 4,9 dias e de internação foi de 17,5 vs 12,7 dias. Todos pts do G1 evoluíram com complicações, sendo a mais comum sepse 5 (35,7%). No G2, 20 (66%) não apresentaram complicação, sendo a sepse e a insuficiência cardíaca as mais comuns neste grupo com 3 pts cada (10%), seguido de isquemia no membro puncionado e laringite pós-extubação 1 (3% cada). Houve 6 (42,8%) óbitos no G1 vs 2 (6,6%) óbitos no G2.
Conclusão: Em nossa experiência, o stent no CA foi bem sucedido e não apresentou complicações graves agudas em sua maioria. Não houve nenhum caso com evolução para cirurgia. BTM em nossa instituição apresentou alta taxa de morbimortalidade. Nosso estudo reforça que devemos continuar com estratégias para melhorar o prodedimento de stent e manter como alternativa segura para manter o fluxo pulmonar.