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Pericardite Epistenocárdica Constritiva após Infarto Agudo do Miocárdio em Ventrículo Direito : Diagnóstico Desafiador

Felipe Carvalho Guimarães, Luiz Antônio Machado Cesar, Luciana Cascaes Dourado, Bruno Mahler Mioto, Cesar Augusto Caporrino Pereira, Nilson Tavares Poppi, Luiz Henrique Wolff Gowdak, Luhanda Leonora Cardoso Monti Sousa
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Introdução: A pericardite epistenocárdica (PE), que ocorre nos primeiros 3 dias do infarto agudo do miocárdio (IAM) com supradesnível de ST (supra de ST) não reperfundido, é uma complicação rara após advento da angioplastia Coronária Transluminal (ACT) primária. A constrição pericárdica é incomum nesse contexto. No entanto, ACT tardia, aumenta a probabilidade dessas complicações.A associação do IAM de Ventrículo Direito com PE constritiva causando choque cardiogênico, representa um desafio diagnóstico. Relato de caso: Homem, 64 anos, tabagista, sem comorbidades prévias. Admitido por dor torácica há mais de 12 horas. Eletrocardiograma (ECG) supra de ST evoluído em D2, D3 e aVF, D1 e avL. Exame Físico: Bem perfundido, PA 90x50mmhg FC 90bpm e estertores crepitantes 2/3 bilateral. Ecocardiograma (Eco) Fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) 50% hipocinesia de parede inferior, ventrículo direito (VD) normal. Cateterismo cardíaco (CATE): Lesão culpada em artéria coronária direita (CD) 100% proximal com alta carga trombótica, circunflexa (Cx) 90% 1/3 médio e Descendente anterior 70% 1/3 médio. Realizada ACT da CD, congestão manejada com furosemida. Após 48 horas, evoluiu com hipotensão e lesão renal aguda, sendo introduzido dobutamina. ECG: supra de ST 1mm em V3R e V4R. Eco: FEVE 40% hipocinesia de VD, TAPSE 12, insuficiência tricúspide moderada, sem derrame pericárdico, cava variando > 50%. Novo CATE: stent pérvio em CD, lesões residuais mantidas. Optado por ACT de Cx e descartado tromboembolismo pulmonar. Após 7 dias, mantinha PA limítrofe, sem sinais de choque ou congestão, marcadores inflamatórios elevados sem foco infeccioso. Foi manejado com Eco diário que não demonstrou complicações ou hipervolemia. Discreta melhora após retirada de furosemida, hidratação e dobutamina. Análise retrospectiva dos ECG´s, demonstrou alterações dinâmicas de ST difusas e infradesnível de PR inferior nos primeiros 3 dias. Ressonância miocárdica (RM): FEVE 34%. Disfunção diastólica por constrição. Realce tardio transmural em toda parede inferior do VE e VD.  Espessamento pericárdico de 7mm adjacente ao VD, realce tardio pericárdico sugestivo de inflamação. Feito o diagnóstico de PE com constrição subaguda pós IAM e iniciado aspirina (AAS) 1000 mg de 8/8h com desmame gradual em 4 semanas. Em 2 dias o PCR estava em queda e a dobutamina foi desligada. Conclusão: Este caso reporta uma condição infrequente de choque cardiogênico na era da ACT primária. O diagnóstico da PE constritiva nesse contexto é complexo e depende de exames acurados como a RM e baixo limiar de suspeição.

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