Introdução: A pandemia sobrecarregou os sistemas de saúde e levou a um aumento no número de mortes, não relacionadas ao covid-19, significativas no Brasil. Foi notória a diminuição do fluxo hospitalar e a disponibilidade dos serviços de saúde em relação às outras doenças que não o SARS-COV-2, e o receio da população em continuar ou começar um acompanhamento médico. O período entre 2020 e 2021 influenciou o curso de algumas doenças, como na insuficiência cardíaca (IC). Cerca de 40 milhões de pessoas são afetadas pela IC em todo o mundo. É uma cardiomiopatia subjacente a doenças cardíacas pré-existentes ou pode se desenvolver a partir de uma desregulação homeostática, interferindo no mecanismo da sístole e da diástole. Também, tem como fatores de risco hipertensão, doença arterial coronariana, dislipidemia, diabetes, obesidade e tabagismo, isto é, causas que podem ter sido acentuadas durante este momento. Além disso, pacientes em estágios avançados da IC necessitam de transplantes cardíacos, os quais tiveram uma queda significativa neste período. Portanto, é possível observar que o atendimento médico especializado foi extremamente afetado pela pandemia e suas consequências foram drásticas. Métodos: O trabalho foi realizado a partir dos dados epidemiológicos de óbitos ocorridos por IC no estado de São Paulo entre os anos de 2018 e 2021, disponibilizados pelo sistema DATASUS/ TABNET. Trata-se de uma pesquisa retrospectiva descritiva para a qual foram utilizados os seguintes descritores: COVID-19, insuficiência cardíaca, óbitos e epidemiologia. Resultados: Observou-se que em 2018 e 2019, período pré-pandêmico, o número total de mortes por IC foi de 2.978. Em contrapartida, somando os anos de 2020 e 2021, intervalo em que a pandemia se instalava, o registro total foi de 3.646 óbitos. Com esses números notamos um aumento de 22,43%, o que é ainda mais evidenciado em agosto de 2020 e julho, agosto e outubro de 2021, meses em que o vírus atingiu resultados mais elevados em relação aos óbitos. Conclusão: Visto que a pandemia no Brasil teve início em março de 2020, o estudo demonstrou que houve um aumento de mais de 20% no número de óbitos em relação aos anos precedentes. Os dados podem ser explicados devido à capacidade do SARS-CoV-2 de induzir, prolongar ou complicar o curso clínico da IC, além da queda na adesão por parte dos pacientes em buscar atendimento médico, devido modificações nos serviços ambulatoriais no período de 2020 a 2021, sendo causas determinantes no aumento significativo das mortes.