Introdução: Angina refratária (AR) é uma forma grave da doença arterial coronariana (DAC) caracterizada por angina persistente, apesar do tratamento médico otimizado. O distresse psicológico é comum em pacientes com DAC, sendo associado a piora da qualidade de vida e do prognóstico. Hipotetiza-se que pacientes com AR apresentam alto nível de distresse psicológico, que pode estar relacionado com transtornos psiquiátricos. Objetivos: Rastrear a prevalência de transtornos psiquiátricos e o nível de distresse psicológico em pacientes diagnosticados com AR, verificando se há correlação entre estes dados e características sociodemográficas e clínicas. Métodos: O nível de distresse psicológico foi avaliado com o Inventário Breve de Sintomas e caracterizado como caso indicativo de transtornos psiquiátricos conforme as orientações do manual. Características sociodemográficas e clínicas foram coletados por formulário elaborado pela pesquisadora. Para a análise da correlação entre variáveis psicológicas e da classe funcional dos pacientes, a amostra foi dividida em dois grupos: sem angina limitante (ANL = CF I e II) e com angina limitante (AL = CF III e IV). Valores de P < 0,05 indicam significância estatística. Resultados: Foram incluídos 40 participantes, com predomínio do sexo masculino (77,5%) e com média de idade de 63±10 anos.67,5% da amostra apresentou resultado positivo para rastreio de transtornos psiquiátricos, sendo que as dimensões de sintomas psicológicos com maior frequência de casos positivos foram: somatização (92,5%), ansiedade fóbica (42,5%), obsessivo-compulsivo (40%) e depressão (40%). O grupo autodeclarado de cor preta apresentou maiores níveis de distresse psicológico na dimensão ansiedade fóbica (p=0.031). O nível de distresse psicológico na dimensão obsessivo compulsivo foi significativamente maior no grupo com angina limitante (AL = 62,19 ± 12,06, ANL = 53,89 ± 11,78, p=0,034), assim como na dimensão depressão (AL = 63,05 ± 12,26, ANL = 54,16 ± 10,74, p=0,020) em comparação com indivíduos com angina não limitante. Nenhum paciente realizava acompanhamento psicológico e apenas 10% realizavam acompanhamento psiquiátrico. Conclusão: Pacientes com AR apresentam alta prevalência de casos indicativos de transtornos psiquiátricos em diversas dimensões psíquicas. Indivíduos com angina limitante apresentaram maior nível de distresse psicológico nas dimensões obsessivo-compulsivo e depressão em comparação a pacientes sem angina limitante. Apesar dos resultados encontrados, os pacientes não recebem acompanhamento de saúde mental adequado.