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ANÁLISE DE SOBREVIDA E PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES CARDIOLÓGICOS EM SEGUIMENTO NO AMBULATÓRIO MULTIDISCIPLINAR DE CUIDADOS PALIATIVOS

Henrique Muraguchi, Matheus Martins de Sousa Dias, Isabella Bordim Rosa, Ricardo Tavares de Carvalho, Daniel Battacini Dei Santi
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - São Paulo - São Paulo - Brasil

Introdução: A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome progressiva, incurável, de elevada mortalidade, associada a alta carga de sofrimento multidimensional. Os cuidados paliativos (CP) objetivam o alívio de sintomas, promoção de qualidade de vida, devendo ser iniciados precocemente em doenças graves e ameaçadoras à vida. Este estudo objetiva analisar o perfil epidemiológico e a sobrevida de pacientes com IC acompanhados no ambulatório multiprofissional de CP de um hospital terciário.

Métodos: Estudo observacional e retrospectivo de pacientes do ambulatório de CP encaminhados de um hospital cardiológico, entre novembro/2015 e outubro/2021, com seguimento até janeiro/2022. Os dados foram obtidos pela análise de prontuários e por contato telefônico.

Resultados: Neste período a cardiologia encaminhou 122 pacientes para o ambulatório de CP. Destes, 71 pacientes (58,2%) realizaram pelo menos uma consulta no serviço, sendo incluídos para análise; os demais encaminhamentos foram agendados, mas não passaram por consultas, sendo desconhecido o motivo para o não comparecimento. As mulheres representaram a maior parcela (57,8%). A média de idade foi de 66 anos, sendo que o mais jovem e o mais idoso tinham 18 e 102 anos, respectivamente. Como etiologia para a IC:  39 (54,9%) eram isquêmicos, 14 (19,7%) cardiopatia congênita, 13 (18,3%) valvopatias, 5 (7,0%) doença de Chagas. A funcionalidade, avaliada pelo Palliative Performance Scale, foi em média de 60%, o que estima pacientes com mobilidade reduzida, doença extensa, limitação para trabalho e necessidade de auxílio para o autocuidado. Até o final do seguimento 48 (67,6%) pacientes faleceram. Dentre estes, 31 (64,6%) faleceram em menos de 1 ano após a primeira consulta, sendo que 15 (31,2%) morreram nos primeiros 3 meses, o que demonstra um encaminhamento para o serviço de CP já em fase terminal de doença, possivelmente por um reconhecimento tardio das necessidades de CP para estes pacientes. O seguimento ambulatorial de longo prazo (maior que 12 meses) foi possível apenas para uma minoria dos pacientes.

Conclusão: Os dados mostraram uma população heterogênea, que possuía indicação de receber CP e tinha potencial benefício do seguimento ambulatorial. Contudo isso foi feito em fase avançada da doença, evidenciado pela alta mortalidade em poucos meses de seguimento, o que minimiza os efeitos benéficos. O encaminhamento precoce para CP deve ser incentivado para maior alivio de sintomas, planejamento de cuidados, o que pode levar a menor número de hospitalizações e redução de custos hospitalares no final da vida.

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