Comunicação intercoronariana entre artéria coronária direita e artéria circunflexa associado à doença aterosclerótica
Autores: FIGUEIREDO RPL, ALMEIDA CPL, FARIA GCB, OLIVEIRA RCA, LARA FRM, MIOTO BM, ABIZAID AAC, DALLAN LAO, CESAR LAM, GOWDAK LHW
Introdução: A comunicação intercoronariana ou “arcada coronariana” é uma variação anatômica congênita rara (prevalência entre 0,02%-0,05%) em que há uma conexão aberta entre duas ou mais artérias coronárias com fluxo sanguíneo uni- ou bidirecional. Há dois tipos: (1) entre as artérias descendente anterior e descendente posterior na porção distal do sulco interventricular posterior e (2) entre as artérias coronária direita e circunflexa no sulco atrioventricular posterior.
Relato de caso: Homem, 39 anos, hipertenso, obeso, pré-diabético e com antecedente de doença cardiovascular precoce procurou atendimento por angina aos esforços moderados há 3 meses. Exame físico sem alterações. ECG normal. Ecocardiograma transtorácico mostrou FEVE = 69% e remodelamento concêntrico do VE. Angiotomografia de coronárias realizada em outro serviço revelou reduções luminais importantes no óstio de artéria descendente anterior (ADA) e da primeira marginal esquerda (MgE1) e origem anômala mais alta da coronária direita (ACD). A coronariografia invasiva confirmou os achados tomográficos, além de enchimento da artéria circunflexa após injeção seletiva da ACD (Figura). Reconstrução de imagem cardíaca 3D evidenciou formação de arco coronariano interligando diretamente a ACD e ACX no sulco atrioventricular posterior. O paciente foi submetido à cirurgia de revascularização miocárdica sem intercorrências. No seguimento ambulatorial de 1 mês, paciente permanecia assintomático.
Conclusão: A comunicação intercoronariana é uma rara anomalia congênita, diferente da circulação colateral formada em resposta à isquemia crônica. Seu mecanismo funcional é incerto, admitindo-se efeito protetor em pacientes com doença aterosclerótica obstrutiva como o aqui relatado.