Paciente 18 anos, sexo masculino, sem outras comorbidades, ex-atleta amador praticante de Rugby, interrompeu a prática esportiva por orientação médica após o diagnóstico de estenose subvalvar aórtica grave, com gradiente médio de 81 mmHg e máximo de 158 mmHg em membrana subvalvar.
Foi realizada correção cirúrgica com ressecção da membrana subaórtica associada à ressecção muscular da via de saída do ventrículo esquerdo e plastia da valva tricúspide.
Após recuperação cirúrgica paciente, mantém-se assintomático e retorna periodicamente para avaliação quanto a prática de atividade física e esportiva competitiva.
Três anos após cirurgia, em avaliação complementar, ao ecocardiograma, observava-se persistência de prega ventrículo-infundibular e resquício de membrana, determinando estreitamento da via de saída do ventrículo esquerdo (VE), com aceleração de fluxo gerando gradiente sistólico máximo entre VE e aorta de 42 mmHg e médio de 24 mmHg. Refluxo aórtico discreto a moderado.Função sistólica biventricular preservada, hipertrofia ventricular esquerda discreta.
Foi solicitado também ecocardiograma com estresse físico que não mostrou sinais de isquemia miocárdica. Membrana subaórtica gerou obstrução importante com repercussão hemodinâmica ao esforço físico.
Por fim, realizou teste ergométrico, que apresentou Infradesnivelamento de segmento ST de 2,5mm horizontam em MC5, sem dor, com comportamento adequado da pressão e da frequência cardíaca durante o esforço e capacidade funcional estimada de 13 METs.
Após exames complementares, foi realizado reunião com especialistas em cardiologia do esporte e liberado para a prática de atividade física moderada, com cálculo de frequência máxima até 60% da FC reserva e resistiva com até 50% da força máxima.
A estenose subvalvar aórtica é uma cardiopatia congênita relativamente frequente que resulta de uma anormalidade subjacente na arquitetura da via de saída do ventrículo esquerdo (VSVE), com fluxo turbilhonado levando à fibrose progressiva dessa região. Obstrução significativa da VSVE leva à hipertrofia ventricular e função hiperdinâmica. É a segunda causa mais comum de estenose aórtica na população pediátrica e muitos pacientes têm regurgitação aórtica associada. A correção cirúrgica geralmente é indicada a partir da 2ª década de vida e 20 até 30% dos pacientes evoluem com recorrência da obstrução.
Em virtude da prevalência dessa condição em indivíduos jovens, além de outras condições de risco, a avaliação médica por especialista antes da prática esportiva competitiva torna-se essencial.