Introdução: A rigidez arterial, aferida pela velocidade de onda de pulso (VOP), é considerada padrão-ouro em diferentes diretrizes nacionais e internacionais, sendo um parâmetro de valor prognóstico significativo no risco cardiovascular (CV). Embora a assertiva de que a elevação da VOP aumente em duas vezes a ocorrência de eventos CV, mortalidade CV e morte por todas as causas, seu valor prognóstico em indivíduos de muito alto risco, como na insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER), ainda não é bem estabelecido.
Objetivo: Avaliar a análise oscilométrica da hemodinâmica pulsátil vascular, por meio da VOP, em pacientes com ICFER.
Materiais e Métodos: Estudo de coorte, observacional, com avaliação de pacientes com ICFER acompanhados em um hospital terciário de cardiologia do Estado do Rio de Janeiro. Realizada medições de pressão arterial, VOP, medidas antropométricas e análise de prontuário.
Resultados: Analisou-se a VOP em uma série de dezesseis casos consecutivos de indivíduos com IC compensada e grave disfunção sistólica, que compõe uma coorte de 180 indivíduos de alto risco CV, sendo 56% masculino e idade média de 64,6 anos (36-87 anos). O subgrupo é composto de dezesseis pacientes, 75% do sexo masculino, média de idade 63,4 anos (44-78 anos), ICFER com média de FE 30,3% (18-40%). Ressaltamos que doze indivíduos apresentavam três ou mais fatores de risco maiores ou comorbidades, como diabetes mellitus, hipertensão arterial, dislipidemia e doença arterial coronariana. Escore de risco de rigidez arterial (SAGE Score) foi aplicado nesta população e demonstrou valores dentro dos limites da normalidade em quatorze dos 16 indivíduos. Valor de pressão arterial dentro dos parâmetros de normalidade foi encontrado em 5/16 participantes e, em 2/16, parâmetros de rigidez arterial foram registrados acima dos padrões da mediana considerados normais para a população brasileira, ajustados para idade, sexo e presença de fatores de risco.
Conclusão: Confirma-se a suposição de literatura que um número maior de indivíduos é necessário para confirmação do papel desta ferramenta como marcador de prognóstico CV, neste grupo particular de indivíduos de muito alto risco, com ICFER. A perspectiva futura de nossa coorte é de que a possibilidade de intervenções farmacológicas a curto e médio prazo possam modificar esses parâmetros, no intuito de se avaliar desfechos, para possíveis avaliações de inferências do papel da VOP no prognóstico CV.