INTRODUÇÃO: A varfarina é um anticoagulante oral eficaz na prevenção de fenômenos tromboembólicos em pacientes com ritmo de fibrilação atrial. No entanto, exige ajuste terapêutico individualizado em função da variabilidade na resposta à ação anticoagulante. De janela terapêutica estreita, impõe controle laboratorial frequente (INR ou razão normalizada internacional) para ajuste de dose. OBJETIVO: Comparar as doses de varfarina prescritas no momento da alta hospitalar em pacientes com indicação de anticoagulação oral após cirurgia cardíaca de acordo com a faixa de INR. MÉTODOS: Trata-se estudo retrospectivo em que foram selecionados mediante busca ativa em prontuário eletrônico pacientes com prescrição médica de varfarina na alta hospitalar após cirurgia cardíaca. Os pacientes foram divididos em 3 grupos de acordo com o valor do INR obtido no momento da alta hospitalar: Grupo A – INR < 2; Grupo B – INR entre 2 e 3 e Grupo C – INR >3. Variáveis contínuas foram comparadas pelo teste de ANOVA e variáveis categóricas pelo teste exato de Fischer. Valores de P < 0,05 foram considerados estatisticamente significantes. RESULTADOS: Foram incluídos 208 pacientes que receberam alta hospitalar no 1º trimestre de 2020 (n = 157) e de 2021 (n = 101). A idade média da população foi de 53±18 anos, com leve predomínio do sexo feminino (51,2%). No momento da alta hospitalar, apenas 75 pacientes (29,1%) apresentavam INR na faixa terapêutica (Grupo B); outros 116 (45,0%) estavam no Grupo A e 67 (26,0%) no Grupo C. A Tabela abaixo mostra os valores médios de INR e as doses prescritas de varfarina no início do tratamento e no momento da alta hospitalar. Não houve associação entre sexo (P = 0,79) ou a época da inclusão dos participantes (P = 0,50) e o valor final do INR. CONCLUSÃO: Em pacientes com indicação de anticoagulação oral com varfarina em pós-operatrório de cirurgia cardíaca, aproximadamente apneas 1/3 recebe alta com INR na faixa terapêutica. As maiores dosagens prescritas de varfarina foram encontradas nos pacientes com INR < 2 e as menores naqueles com INR > 3, mostrando que, nesta população, a obtenção do INR terapêutico não se associa diretamente à dose prescrita e sim à sensibilidade individual ao fármaco.